
Dados do Observatório do Medicamento e Produtos de Saúde da autoridade nacional do sector (Infarmed + ), revelam que até os primeiros seis meses do corrente ano os genéricos representavam 18 por cento do mercado de medicamentos, com tendência para atingir a fasquia dos 20 pontos percentuais, sendo que, no semestre em análise, a quota média do mercado cifrava-se em 17,48 por cento, contra 14,77 por cento registados no mesmo período do ano passado.
Não obstante a venda deste tipo de medicamento ser ainda recente, a verdade é que na Região, são as famácias das zonas rurais que registam maior procura. Segundo apurámos junto de fontes ligadas ao sector, esta realidade deve-se ao facto de serem os médicos dos centros de saúde a indicarem esses medicamentos, por serem eficazes e mais acessíveis ao utente. "Isso deve-se a uma mentalidade um pouco conservadora de alguns agentes de saúde, resistentes aos produtos mais baratos no mercado dos medicamentos, mas isso tendencialmente vai mudar, porque o que está em causa, é o tratamento de uma patologia até ao fim com a mesma eficácia e a custos mais reduzidos", realça a nossa fonte.
O genérico só existe no mercado quando as marcas perdem a respectiva patente, sendo então estabelecido o denominado "preço de referência" que vai estabelecer como máximo a comparticipação do Estado. A partir daqui o utente paga a diferença entre o preço da marca e o valor de referência. Feitas contas, a título de exemplo, um medicamento de 100 euros, o Estado comparticipa em 69 por cento, e o utente paga os restantes 31 euros. Contudo, com um genérico no mercado, esse medicamento de marca passa a custar 55 euros para o utente, enquanto o genérico ronda os 30 euros.
A falta de informação acerca dos genéricos, reconhecidos pelo Infarmed (autoridade nacional do sector dos medicamentos), representa ainda um elemento determinante para alguma resistência ao nível de alguns agentes da saúde, contudo, em apenas dois anos, o sector tem revelado um crescimento significativo em todo o país. A existência de mais de meia centena de laboratórios em Portugal está a contribuir para uma aposta forte nos genéricos, no entanto, e apesar da quota de mercado aculmulada destes medicamentos, há substâncias activas com um número elevado de genéricos a ser comercializado, situação que está a deixar os farmaceuticos à beira de um ataque de nervos, sobretudo devido à falta de espaço nos seus estabelecimentos. Ainda há poucos dias, o Infarmed divulgou uma lista, onde era possível observar que só a substância activa Sinvastatina (para redução dos níveis de Colesterol + ) era comercializada através de 319 Medicamentos genéricos + , nas suas várias apresentações. Esta situação aflige a muitas das farmácias existentes na Região, que optam por não arquirir os genéricos, mantendo a aposta nos medicamentos de marca. Ainda de acordo com a lista das 10 substâncias activas com maior valor de vendas no período acumulado de Janeiro a Agosto de 2007, destacam-se os medicamentos para tratamento psiquiátricos, colesterol e digestivos.Além da substância activa ou princípio activo Sinvastatina com 319 apresentações de genéricos, seguem-se a Amlodipina com 241, Risperidona com 237 (ambas para perturbações psiquiátricas), Ciprofloxacina (antibiótico) com 231, Sertralina (Antidepressivo + ) com 225, Lansoprazol (acidez gástrica) com 204, Pravastatina (colesterol) com 170, Omeprazol (acidez gástrica) com 136, Fluoxetina + (antidepressivo) com 104 e Ácido Alendrónico (Osteoporose + ) com 75 medicamentos genéricos, nas suas várias apresentações. Sobre esta matéria o Infarmed já observou que seria importante que houvesse mais áreas terapêuticas cobertas com genéricos em vez de muitos destes medicamentos em poucas áreas terapêuticas, reconhecendo por outro lado que já existem mesmo assim genéricos para as principais patologias.
Médicos conhecem bem os utentes
O secretário regional dos Assuntos Sociais considera que o facto de haver mais venda de genéricos fora do Funchal, tem mais a ver com as condições de muitas pessoas em suportar os preços dos medicamentos de marca, mesmo com a comparticipação do Estado.
"Os genéricos são seguros e têm uma eficácia comprovada, como os medicamentos de marca e estão devidamente autorizados pelo Infarmed que é a autoridade nacional nesta matéria, por isso, vejo com naturalidade a crescente procura no mercado", realçou Jardim Ramos + .
Tal como referiu o governante "os médicos de família conhecem muito bem os utentes e sabem das suas dificuldades em suportar tantas vezes os custos de determinadas patologias", pelo que as opções feitas merecem a sua concordância.
O secretário da tutela da Saúde observa ainda que os genéricos ainda não abrangem todos as areas terapêuticas, contudo, naquelas em que é possível tornar menos dispendioso para o utente "acho que os médicos fazem bem em orientar para esses medicamentos".
Fonte: Jornal da Madeira
Fonte: Jornal da Madeira