
Só nos primeiros nove meses deste ano, foram notificados 1.766 novos casos de VIH/sida, o que equivale a 6,5 casos registados por dia.
Dos 32.205 casos de VIH registados, 43,8% das pessoas já apresentavam sida, o que representa um total acumulado de 14.110 casos da doença em Portugal até ao final de Setembro.
Ser seropositivo ao VIH (vírus da imunodeficiência humana) não significa necessariamente ter sida, uma vez que a doença só é definida quando existe a presença do vírus em conjugação com uma doença infecciosa (como a Tuberculose + ou Pneumonia + ) ou com um tumor.
Em relação aos cerca de 18 mil casos notificados de VIH em pessoas que não tinham evoluído ainda para a sida, a esmagadora maioria dos infectados não apresentava qualquer sintoma, segundo Elizabeth Pádua, do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge + . Ser seropositivo ao VIH (vírus da imunodeficiência humana) não significa necessariamente ter sida, uma vez que a doença só é definida quando existe a presença do vírus em conjugação com uma doença infecciosa (como a Tuberculose + ou Pneumonia + ) ou com um tumor.
A especialista sublinhou que se tem acentuado a tendência para um aumento de casos de sida no grupo dos heterossexuais, o que tem sido particularmente evidente nas mulheres.
Já o número de casos em Toxicodependentes + tem vindo a decrescer, embora lentamente.
«O número de casos nos heterossexuais está a subir, tendo ultrapassado o grupo dos toxicodependentes em 2002 e atingindo já 70% dos casos notificados», resumiu a especialista do Laboratório de Referência da Sida + .
Entre as pessoas que têm VIH há a distinguir três grupos: os que não têm sintomas, os que apresentam alguns sintomas mas ainda não têm sida e os que já evoluíram para um caso de sida.
Quanto aos portadores assintomáticos, que representam 46,8% do total, são predominantemente pessoas jovens entre os 15 e os 39 anos.
Para o médico Eugénio Teófilo, Portugal continua com «valores muito altos de casos de sida por milhão de habitantes».
Uma das explicações avançadas para Portugal ser um dos países da Europa Ocidental com maior número de notificações é, segundo o especialista em medicina interna, a falha na prevenção, que existe muito graças à escassez de campanhas.
Por isso, o médico do hospital dos Capuchos considera que é necessário melhorar a comunicação das campanhas, através de linguagem mais simples e de imagens mais atractivas.
«As campanhas são poucas, pouco apelativas e devia haver distinção entre campanhas para a população geral e para alvos específicos», criticou.
Alertou ainda para que os casos de VIH por transmissão estão a aumentar, o que mostra uma continuação dos Comportamentos de risco + .
Segundo contou, há «muitos casos» de homens que nunca fizeram o teste ao VIH por não se identificarem com o que tradicionalmente se designava por grupos de risco: toxicodependentes e homossexuais.
«Aparecem agora muitos já doentes e sem nunca terem feito o teste», frisou.
O número de notificações poderá aumentar com um novo sistema, em vigor este ano, que prevê que o Ministério da Saúde pague anualmente às instituições de saúde por cada doente que inicia o programa de tratamento ao VIH.
Isto porque o VIH/sida já é uma doença de declaração obrigatória em Portugal, mas estima-se que haja uma sub-notificação dos casos, que poderá ser revertida com este programa de pagamento, uma vez que para receberem o dinheiro do Ministério da Saúde os hospitais têm obrigatoriamente de notificar os doentes que entram em programas de tratamento.
Quanto aos casos de VIH/sida na população imigrante em Portugal, Elizabeth Pádua adiantou que a percentagem de pessoas de naturalidade estrangeira é «pouco importante», apesar de a nível internacional as migrações assumirem uma dimensão importante na transmissão do vírus.
Fonte: Diário Digital / Lusa