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sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

CENTROS DE SAÚDE: 60% USA PSICOFÁRMACOS

Mais de 60 por cento dos utentes dos centros de saúde analisados num estudo do Observatório Nacional de Saúde + foram considerados dependentes de pelo menos um medicamento do foro psiquiátrico, noticia a Lusa.
Na análise, realizada em 2004, mas cujos resultados só foram publicados este ano, participaram 110 médicos que trabalham em centros de saúde e que enviaram dados de mais de oito mil consultas.
Um total de 60,9 por cento dos utentes foi dado como dependente em relação a um ou mais psicofármacos (medicamentos para a
Ansiedade + , para dormir ou para a depressão).
O coordenador em Portugal da Aliança Europeia Contra a
Depressão + , Ricardo Gusmão, defendeu que deve distinguir-se entre necessidade e dependência.
«Um diabético não é dependente de
Insulina + , necessita dela. Uma pessoa com depressão crónica não é dependente de anti-depressivo, necessita dele. Nem a insulina nem o anti-depressivo dão dependência, ou seja, se forem interrompidos não dão um quadro de privação», explicou à Lusa o especialista.
No entanto, o termo usado no estudo é dependência e os autores ressalvam que não foi dada aos médicos que participarem na análise qualquer instrução para a definir.
Dependência maior nas mulheres
Segundo o estudo, a que a agência Lusa, a dependência destes medicamentos, que vai aumentando com a idade, foi maior nas mulheres do que nos homens, o que é explicando com o facto de os diagnósticos de ansiedade e depressão serem mais frequentes no sexo feminino.
O diagnóstico de ansiedade revelou-se três vezes mais frequente nas mulheres e o da depressão 4,2 vezes superior ao dos homens.
Os quadros depressivos são mais vulgares no grupo etário entre os 55 e os 64 anos, enquanto a ansiedade é mais frequentemente diagnosticada nos doentes entre os 65 e os 74 anos.
Medicamentos tranquilizantes
Os medicamentos tranquilizantes
foram os psicofármacos mais vezes prescritos aos utentes e que mais responsabilidade terão na quantidade elevada de casos de dependência referidos pelos médicos.
«A partir de um estudo realizado pela rede Médicos-Sentinela sobre insónia foi possível estimar que, por ano, ocorram na população portuguesa cerca de 9 mil novos episódios de insónia. Este facto, aliado à idade avançada da população, com a consequente situação de reforma e a predominância de sexo feminino em relação ao masculino, terão certamente contribuído para a prescrição de benzodiazepinas em tão elevada percentagem de utentes», referem os responsáveis do Observatório Nacional de Saúde.

Fonte: Portugal Diário