independente de todos os poderes, José França quer renegociar a convenção
O nervoso da noite das eleições passou e José Manuel França, o novo presidente do Conselho Regional da Ordem dos Médicos + da Madeira, pensa já no futuro. O grupo que lidera aponta as Listas de espera + como o grande mal do Serviço Regional de Saúde + e diz-se disponível para renegociar a Convenção. Não lhe interessa aumentar o preço das consultas, mas garantir aos pacientes o acesso a Meios complementares de diagnóstico + e a novos métodos terapêuticos.
O nervoso da noite das eleições passou e José Manuel França, o novo presidente do Conselho Regional da Ordem dos Médicos + da Madeira, pensa já no futuro. O grupo que lidera aponta as Listas de espera + como o grande mal do Serviço Regional de Saúde + e diz-se disponível para renegociar a Convenção. Não lhe interessa aumentar o preço das consultas, mas garantir aos pacientes o acesso a Meios complementares de diagnóstico + e a novos métodos terapêuticos.
"A Convenção (acordo de cooperação entre o sector público e privado) apareceu há mais de 30 anos e foi pensada para as consultas. Deu-se uma revolução enorme nestes 30 anos, apareceram novos exames complementares de diagnóstico e novas terapêuticas que estão excluídos deste acordo".
A Ordem, que ainda acredita que a cooperação tem futuro e pode continuar, quer integrar os métodos mais modernos na Convenção. Só não sabe se na Secretaria Regional dos Assuntos Sociais + há a mesma vontade. Ao menos o diálogo será mais fácil, pois Jardim Ramos + é médico e fala a mesma linguagem. Se não houver disposição, o novo presidente da Ordem assegura que tem preparadas alternativas. "Não queria estar adiantá-las antes de as apresentar ao secretário".
Formação para os médicos
Certo é que em cima da mesa das negociações não vai estar o preço das consultas. Não é isso que interessa, pois a nova direcção da Ordem está preocupada em dar uma alternativa aos doentes e a complementar a oferta do público em serviços de Saúde. "Quando falo na Convenção, estou sobretudo a pensar nos pacientes". É óbvio que José Manuel França foi eleito pelos médicos e também tem planos para a classe.
É ponto de honra trazer a formação contínua para a Madeira, os cursos que permitem uma progressão nas carreiras médicas. A nova direcção entende que os clínicos da Região devem estar em igualdade de circunstâncias, devem aceder às formações em gestão hospitalar, por exemplo, nos mesmos moldes que os médicos do continente. "Vamos tentar colmatar as insuficiências de vivermos numa ilha, de ser mais difícil aceder à formação, seja por motivos profissionais ou económicos".
Eleito com mais de 100 votos dos que recebeu Pedro Ramos, o líder da lista derrotada, o novo presidente da Ordem na Madeira fala do futuro quando ainda não está escolhido o novo bastonário. Nas eleições de quarta-feira nenhum dos concorrentes teve mais de 50% dos votos. O facto não preocupa a Madeira, já que terá que conviver com quem ganhar. Por cá, a palavra de ordem é independência.
Grupo independente
"Sempre afirmei e reafirmo: o grupo é independente do poder político, de poderes económicos e particulares, inclusive do bastonário. Tenho uma relação de amizade próxima com o actual bastonário, Pedro Nunes, mas volto a dizer que somos independentes. Estarmos dependentes de alguém quer dizer que, na hora da verdade, vamos pender para algum lado. Assim não. Vamos representar o universo de 550 médicos da Madeira".
José Manuel França é a nova cara dessa representação, embora não seja um estreante na Ordem. O director do Serviço de Cirurgia Vascular integrou a equipa de França Gomes + durante seis anos, a sua lista é de continuidade. Ou quase, porque as mudanças de liderança implicam sempre alterações de estilo e conteúdo. Formado em Coimbra, 43 anos e médico há 19, o recém-eleito presidente da Ordem dos Médicos diz-se preparado para o desafio, para enfrentar polémicas e representar a classe que o preferiu à lista de Pedro Ramos.
O estado da saúde na Madeira
O BOM
Apesar de estar desactualizada e não responder às necessidades do sistema, o recém-eleito presidente da Ordem dos Médicos não hesita em classificar a Convenção como o que de melhor tem o Serviço Regional de Saúde. "É uma inovação madeirense e, durante estes 30 anos, facilitou o acesso dos utentes à medicina em condições muito favoráveis, em condições que não existem no continente. Foi, e é ainda, uma alternativa para muitos doentes".
O mau
As listas de espera para cirurgias e consultas são as maiores falhas do Serviço Regional de Saúde. José Manuel França reconhece que o mal é extensivo ao País e que só terá remédio com a chegada dos novos médicos. O sistema está a ressentir-se da redução das vagas para as Faculdades de Medicina durante os anos 80. O panorama, espera o presidente da Ordem na Madeira, irá melhorar nos próximos cinco anos, mas o Governo terá que criar incentivos para fixar estes quadros na Região.
Fonte: DN