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quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

AFLUÊNCIA ÀS URGÊNCIAS CENTRAIS CONTRADIZ QUEIXAS DOS UTENTES

Ao contrário do que mostram os protestos, os números não indicam, para já, que os encerramentos de serviços de urgência em pequenos hospitais e de atendimentos nocturnos em vários centros de saúde estejam a criar o caos nos hospitais para onde os doentes passaram a ser referenciados. À excepção do caso de Santa Maria da Feira - que passou uma semana atribulada após o fecho da urgência de Ovar, por "falta de coordenação" -, as restantes unidades (Chaves, Vila Real, Gaia e Coimbra) dão conta de um acréscimo imperceptível.





De acordo com fonte da Administração Regional de Saúde do Centro (em cuja área fecharam as urgências de Espinho, Ovar, Cantanhede, Fundão e Anadia), "o número de situações urgentes enviadas" das consultas abertas, criadas nos hospitais com serviços fechados, para "urgências de referência são praticamente sobreponíveis aos números da altura em que as urgências encerradas ainda funcionavam".






Uma constatação que leva a ARSC + a concluir que "os casos de verdadeiras urgências sempre foram reencaminhados" para unidades de nível superior. Mas o certo é que, nos Hospitais da Universidade de Coimbra + , os utentes queixavam-se, ainda ontem, de esperas inaceitáveis (ver caixas).





A monitorização da ARSC às "consultas abertas" criadas no lugar das urgências aponta a transferência de uma média de nove doentes por dia daqueles dois hospitais para os HUC + desde o primeiro dia do ano. A média diária de atendimento na consulta aberta de Cantanhede andou à volta da centena de casos, desde o encerramento da urgência, a 15 de Dezembro, até ao passado dia 31. Um número que sobe para 120 nos primeiros dias deste mês. Da mesma forma, as consultas não-programadas foram cerca de 90 por dia, desde que fechou a porta da urgência, no dia 2.







Já de Espinho foram transferidos para o Centro Hospitalar de Gaia uma média de cinco doentes por dia, enquanto a unidade de Espinho terá remetido para o hospital de Gaia menos de nove doentes por dia. O director clínico desta unidade garante, de resto, que a afluência tem sido idêntica à do mesmo período do ano passado. O eventual caos nas urgências de acolhimento é essencialmente atribuído à época do ano, profícua em complicações respiratórias. A que se deve somar, segundo fonte ligada ao sector e no caso de Coimbra, o facto de as semanas do Natal e de Ano Novo terem implicado o fecho dos centros de saúde durante quatro dias consecutivos. "Nos HUC, os atendimentos subiram com pessoas da própria cidade". O que leva a concluir que a reforma poderá ter vindo na pior altura...







Feira... da descoordenação










No caso de Santa Maria da Feira, o administrador Hugo Meireles admite, contudo, que o encerramento da urgência de Ovar implicou um aumento de cerca de 200 atendimentos diários na semana entre o Natal e o Ano Novo, num total de 600 episódios diários para um serviço cuja capacidade limitada já motivou um concurso para obras de ampliação. "O fecho (de Ovar) não foi devidamente preparado previamente", até por uma questão de "descoordenação" enquanto a unidade da Feira depende da ARS Norte, a de Ovar responde à ARSC. "O nosso contacto com a Administração Regional de Saúde do Centro é quase inexistente".







Já no Fundão, o fecho da urgência não mexeu com os números. A consulta aberta teve a mesma afluência que tinha o anterior serviço, tendo sido transferido para a Covilhã, no primeiro dia (2 de Janeiro), cinco doentes.







Uma ressalva merece, contudo, ser feita apenas contabilizam os doentes remetidos pelas novas "consultas abertas". Mas aos hospitais de referência chegam doentes que lá se dirigem pelo próprio pé ou são directamente trazidos por ambulâncias.







A "consulta aberta" criada nos hospitais é da responsabilidade dos centros de saúde locais, com médicos de família. Uma medida que já foi, de resto, criticada pela missão para a reforma dos cuidados primários, que vê nela a continuação do desperdício de recursos dos centros de saúde. Uma crítica que o ministro da Saúde já aceitou, admitindo ser esta "solução de transição" a "solução possível", dada a falta de médicos.






Fonte: JN