Conquistar mais 14 anos de vida depende, simplesmente, de comer mais sopa e fruta, de beber moderadamente, andar a pé e não Fumar + . A conclusão é de um estudo - que quase nada proíbe, sugerindo antes pequenas mudanças no quoditiano - , publicado, ontem, na "Public Library of Science Medicine + " (PLos), que envolveu e monitorizou 20 mil pessoas por um período superior a 10 anos.
"Mais simples do que isto não há; e nós, portugueses, podemos fazê-lo. Primeiro, temos um clima bom que nos permite alguma Mobilidade + , isto é, Exercício físico + , como andar a pé, sem gastar dinheiro; depois porque a alimentação tradicional portuguesa é rica em hortículas e frutas e qualquer pessoa aqui, ao contrário de noutros países, sabe fazer uma boa sopa. Depois, até se pode beber um copo de Vinho + , mas só um. A única proibição é o Tabaco + . Ou seja, a palavra de ordem é 'moderação'", defendeu Pedro Graça, Nutricionista + e membro da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação.
Estas pequenas alterações podem fazer toda a diferença. Os peritos que integraram o estudo - feito pela Universidade de Cambridge e pelo Conselho de Investigação Médica no condado de Norfolk, no Oeste de Inglaterra, entre 1993 e 2006 - descobriram que quem não mantinha hábitos saudáveis tinha quatro vezes mais possibilidades de morrer relativamente a quem levava uma vida sã. Os participantes tinham idades compreendidas entre os 45 e os 79 anos e não tinham nem cancro nem problemas cardíacos.
"O interessante é que este estudo junta vários factores. Ou seja, cada participante foi avaliado tendo em conta o facto de ser ou não fumador, o número de copos de vinho por si consumidos por semana, o seu consumo de fruta e verduras e a sua actividade física. Normalmente, cada estudo trata cada um destes factores isoladamente. O que se percebe neste estudo é que com alterações moderadas nestes factores os ganhos são maiores", pormenorizou Pedro Graça.
Os investigadores perceberam, de facto, que quem não fumavam, comia melhor, bebia menos e praticava mais exercício apresentou menores possibilidades de morrer, durante o período de tempo estudado. Kay-Tee Khaw, o professor que liderou o estudo, afirmou que esta "foi a primeira vez que todas estas categorias foram analisadas em conjunto". O estudo concluiu, ainda que a classe social e a massa corporal não têm influência na longevidade.
"Isto significa que uma grande parte da população pode realmente sentir os benefícios na saúde através de mudanças moderadas", realçam os peritos.
Para Pedro Graça faltará proporcionar às pessoas condições para fazerem estas alterações. "É preciso que o planeamento urbano, por exemplo, tenha em conta a mobilidade das pessoas. As pessoas têm que andar e têm que ter espaços para andar, não devem ir de carro para tudo quanto é sítio. Por outro lado, os preços do pão, da fruta e da hortaliça não podem estar sempre a subir. E, mais importante, as pessoas precisam de tempo. Para fazer uma sopa, por exemplo".
Fonte: Jornal de Notícias