Conhecer a obesidade e perceber de que forma interfere com as doenças cardiovasculares para adoptar as terapêuticas mais adequadas é o objectivo de um estudo pioneiro em curso nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC + ). O estudo, que está a ser desenvolvido no Serviço de Cardiologia dos HUC, visa detectar as relações entre as síndromes coronárias agudas e a obesidade, um dos principais factores de risco das doenças cardiovasculares.
O projecto envolve cerca de duas centenas de doentes que estiveram internados na Unidade de Cuidados Intensivos + Coronários daquele serviço e os primeiros resultados deverão ser conhecidos em meados deste ano – revelou hoje o médico Pedro Monteiro à agência Lusa.
O projecto envolve cerca de duas centenas de doentes que estiveram internados na Unidade de Cuidados Intensivos + Coronários daquele serviço e os primeiros resultados deverão ser conhecidos em meados deste ano – revelou hoje o médico Pedro Monteiro à agência Lusa.
Inovador em Portugal, o estudo pretende descobrir quais são as mudanças que o excesso de peso provoca no funcionamento do organismo, para poder aplicar nos doentes as terapêuticas mais eficazes na sua redução e no combate aos riscos associados à obesidade, explicou aquele médico do Serviço de Cardiologia.
O estudo é um dos vários que está a ser realizado no âmbito da Unidade de Investigação Clínica em Cardiologia (UICC) daquele serviço dos HUC. Os doentes são envolvidos num programa terapêutico que, consoante o paciente em causa, pode compreender dieta supervisionada por um Nutricionista + , optimização da actividade física e, eventualmente, a utilização de fármacos para além dos que já são recomendados nestas patologias.
Os pacientes são submetidos, periodicamente, a vários exames, incluindo análises sanguíneas especiais e ecocardiografia. “Nem sempre ser gordo por fora significa ser gordo por dentro”, disse Pedro Monteiro.
O objectivo é combater este e outros factores de risco – tal como o Tabaco + ou a Diabetes + –, evitando que os doentes que são assistidos nos cuidados intensivos devido a patologias cardiovasculares graves voltem a esta unidade por falta de atenção devida a todas estas dimensões.
“Não faz sentido tratar a angina de peito e não tratar a obesidade, a diabetes ou o tabagismo. Cada vez que acontece um enfarte, há uma parte do coração que morre. Se queremos investir na saúde destes doentes, temos de o fazer de uma forma global”, sublinha Pedro Monteiro.
Ao perceber melhor as características da obesidade e as suas repercussões, nomeadamente a nível da inflamação das Artéria + s, é possível aplicar os medicamentos mais adequados e testar novas terapêuticas que se revelem mais eficazes, quer na redução do peso, quer na diminuição dos riscos das doenças cardiovasculares. “Os estudos mostram que nem todos os medicamentos disponíveis são igualmente eficazes, pelo que quanto melhor conhecermos o inimigo, melhor seremos capazes de o combater”, realça o cardiologista.
Segundo o director do Serviço de Cardiologia dos HUC, Luís Providência, a criação recente da UICC permite dinamizar a investigação própria do serviço e realizar estudos como este, associando conhecimentos obtidos através da investigação básica à promoção de investigação clínica de qualidade.
Fonte: Público