A Unidade de Patologia do Colo (do útero) do Hospital Central do Funchal + sofreu recentemente vários melhoramentos. Isabel Oliveira, médica ginecologista e responsável pela unidade, mostra-se satisfeita com as actuais condições de trabalho. No serviço foram implementados uma nova técnica de tratamento e um 'software' informático específico para a área.
Às já existentes técnicas de electrocoagulação e criocoagulação (destruição circunscrita de um tecido pelo calor ou frio), veio agora juntar-se o tratamento a laser, antes apenas disponível nos serviços privados de saúde da Região.
A responsável pela unidade explica que a implementação do laser foi importante, na medida em que a técnica possibilita o tratamento de lesões na vagina (que não poderiam ser tratadas de outra forma), facilitando e acelerando a cicatrização de lesões que são removidas no Colo do útero + ou na vulva.
A outra novidade do serviço é a existência de um 'software' específico que permite aos responsáveis da unidade fazer um registo não só das doentes, mas também e, principalmente, um registo fotográfico das lesões. Anteriormente, os relatórios, além de preenchidos à mão, continham imagens desenhadas das lesões pelos próprios médicos.
Quer a tecnologia laser quer o 'software' já foram 'estreados'. Das anestesias gerais às intervenções em Ambulatório + Criada em 1994, inicialmente a unidade funcionava na Consulta de Ginecologia. Isabel Oliveira recorda que, nos primeiros tempos, as lesões eram tratadas no Bloco operatório + . As doentes tinham de ser internadas e para a intervenção era necessário fazer uma anestesia geral.
Quando a unidade passou para um espaço próprio, no andar superior à consulta externa, em 1996, as intervenções já começaram a ser feitas em ambulatório, com a ajuda de uma anestesia local e sem necessidade de tempo de internamento.
Actualmente recebe cerca de 280 novas doentes por ano e realiza um total anual de mais de 700 consultas. São muitas as mulheres da Região que estão a ser seguidas pela Unidade de Patologia do Colo, após tratamento de uma lesão.
E o objectivo é mesmo o de aumentar o número de doentes, já que, como refere Isabel Oliveira, a unidade foi criada para tratar as lesões do colo, que são precursoras dos carcinomas do colo. "Se as mulheres chegam à nossa unidade significa que foram a uma consulta de Ginecologia + , que fizeram uma citologia ou exame papanicolau e que os resultados da citologia demonstraram a existência de uma lesão. A partir daí, podemos tratar a lesão e evitar o aparecimento de um cancro", explica.
Na unidade são tratadas anualmente cerca de cem lesões (do colo, da vulva e da vagina), de alto ou baixo grau, e com resultados positivos. "Há casos que têm sucesso a 100%, mas noutras mulheres as lesões podem voltar a surgir. Porém, como as doentes da unidade são seguidas de perto, quando há uma segunda lesão essa é rapidamente tratada", garante a médica. O objectivo é o de remover a lesão, sempre com o mínimo de sequelas, até porque a maior parte das doentes são mulheres jovens que não querem perder a fertilidade nem a possibilidade de terem filhos.
Isabel Oliveira apela para que as mulheres, independentemente da idade, e desde que já tenham iniciado a actividade sexual, visitem regularmente o médico e façam uma citologia pelo menos de três em três anos. "O cancro do colo do útero é evitável", ressalva. "Normalmente há um intervalo de dez anos entre a lesão e o carcinoma. Se neste intervalo a mulher fizer uma citologia é possível detectar a alteração e tratar a lesão. Nesta fase a cura é a 100%".
Vacina contra o Papilomavírus é "arma fantástica"
A responsável pela Unidade de Patologia do Colo do Hospital Central do Funchal admite que tem receitado "o mais possível" as Vacinas + contra o Papilomavírus Humano + (HPV + ).
O fármaco que Isabel Oliveira define como uma "arma fantástica" contra o cancro cervical ainda não é comparticipado mas, apesar do custo elevado, há muitas mulheres que pedem a prescrição da vacina. "Receito sempre que as doentes me falam no assunto, e há mesmo doentes que vêm ter comigo de propósito para pedir a receita", admite.
Tendo em conta que a maioria das lesões que surgem no colo do útero e, consequentemente, a maioria dos cancros cervicais, têm origem numa das várias estirpes do HPV, Isabel Oliveira realça a importância da vacina. "Mesmo que mulher já tenha tido contacto com o vírus é sempre importante fazer a vacina para que previna o aparecimento das restantes estirpes da doença", acrescenta. Actualmente estão já disponíveis no mercado nacional e regional dois injectáveis contra o HPV, ambos com custos entre os 400 e os 500 euros. Até ao momento ainda não há decisão final do governo sobre a comparticipação e inclusão das vacinas nos programas de vacinação. Porém, a médica salienta que mesmo com as vacinas deve haver um rastreio, principalmente para as mulheres que não serão abrangidas pelo programa de vacinação e para aquelas que já tiveram filhos e que não voltam ao ginecologistas.
Fonte: DN
