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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

ANTIGRIPAIS DESACONSELHADOS



Alguns dos medicamentos de venda livre mais conhecidos e usados para o tratamento de gripes e constipações - como o Ilvico, Antigrippine e Cêgripe - não são recomendados pelo Prontuário Terapêutico - que serve de guia aos médicos -, por combinarem várias substâncias activas. "Estes medicamentos não são mesmo os mais indicados", aponta o especialista em Medicina Interna, Alfredo Caldeira. Por outro lado, o presidente da delegação regional da Ordem dos Farmacêuticos, Paulo Sousa, garante que não há problema na utilização destes fármacos, desde que estejam "adequados ao quadro clínico" da pessoa em questão.

O médico Alfredo Caldeira não confia neste tipo de medicamentos e desaconselha mesmo o recurso a estes fármacos. "Tudo o que seja misturas de fármacos deve ser utilizado com cautela porque podem trazer problemas", apontou.

Para o especialista, dentro dos medicamentos de venda livre para tratamento de gripes existem outros mais consensuais e apropriados, como os que possuem paracetamol, ácido acetilsalicílico (aspirina) e ibuprofeno. "Todos os outros deviam ser usados só em último caso e eu desaconselho mesmo o seu uso", afirmou.

O especialista disse ainda ao DIÁRIO que esta situação não implica que se fale numa possível retirada destes fármacos do mercado, mas que, na sua opinião, são realmente "nefastos para a saúde" de quem os utiliza.

O presidente da delegação regional da Ordem dos Farmacêuticos, considera, no entanto, o Ilvico como um dos medicamentos "mais completos" para o tratamento de gripes e constipações, mas garante que, ao recomendá-lo, faz sempre um pequeno questionário sobre a situação clínica da pessoa que o vai usar, uma vez que o Ilvico não é apropriado para hipertensos. "Quem aconselha deve saber o que está a fazer", explicou, referindo que é sempre necessário ter "cuidado ao gerir a utilização dos medicamentos de venda livre".

"Por ser de venda livre, não quer dizer que se use de uma forma qualquer", alertou, sublinhando que quem quer fazer uso deste tipo de fármacos "deve informar-se se é aconselhável". "É importante ter essa noção", frisou, acrescentando que, em caso de dúvida, as pessoas devem consultar sempre, ou até mesmo telefonar, ao farmacêutico.

Paulo Sousa alertou ainda para o facto de ser importante ter em atenção que estes medicamentos não são fórmulas milagrosas, só por figurarem em publicidades constantes. "É importante passar a mensagem de que não são remédios milagreiros", sublinhou.

Peritos preferem "alternativas" Segundo informação divulgada ontem pela Lusa, os peritos que elaboram o Prontuário Terapêutico consideram que há no mercado "alternativas mais adequadas" a estes medicamentos. Um desses peritos, Walter Osswal, em declarações à Lusa, em Março deste ano, explicou que, quando uma substância activa é eficaz, deve ser usada isoladamente e não em associação com outras.

A maioria dos medicamentos que surgem em publicidades para combater sintomas gripais associam o paracetamol - que alivia a dor e a febre - a outras substâncias activas, como a cafeína, codeína e ácido ascórbico.

Nessa ocasião, o perito sublinhou, no entanto, que o Prontuário Terapêutico funciona como "um conselheiro médico", não estabelecendo dogmas e proibições aos profissionais.

Para a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), o facto de estes medicamentos não serem recomendados "não significa que não possam ser utilizados, que constituam qualquer problema para a saúde pública ou tenham de ser retirados do mercado".
Fonte: Diário de Notícias