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sábado, 27 de junho de 2009

OS BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO



Andreia Pereira






Está comprovado cientificamente que a amamentação tem inúmeras vantagens, tanto para a mãe como para o bebé. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Unicef têm feito, inclusive, várias campanhas de promoção do aleitamento materno exclusivo até aos seis meses de idade. Alguns estudos indicam que a ingestão de leite materno pode ter um impacto positivo na saúde da criança a longo prazo.










Amamentar ou não amamentar: eis a questão. Para o Dr. Israel Macedo, pediatra da Maternidade Alfredo da Costa, não existem dúvidas de que, sendo o leite materno o alimento "ideal para a criança nos primeiros meses de vida", é necessário promover a amamentação. Em primeiro lugar, porque se trata de um "bem completo, com uma composição proteica e lipídica ajustada às necessidades do bebé".









Segundo bastantes estudos, as crianças alimentadas com leite materno demonstraram ter menos infecções intestinais, respiratórias, cólicas, menos problemas alérgicos, traduzindo-se em menor necessidade de recurso à urgência nos primeiros anos de vida. Sabe-se, no entanto, que o leite materno produz benefícios a longo prazo. Um jovem adulto, alimentado nos primeiros meses de vida com leite materno, "apresenta um perfil lipídico mais saudável e uma tensão arterial mais baixa". Mas as vantagens não se ficam por aqui. Se, por um lado, o bebé é o principal beneficiário, a mãe também ganha com o aleitamento.







"Para além dos laços afectivos e emocionais, que se estabelecem através do contacto físico, há uma grande probabilidade de a mulher que amamenta não vir a sofrer de depressão pós-parto. Paralelamente, o aleitamento vai provocar na mulher contracção uterina e tem até efeitos protectores ao nível do cancro da mama."







Estes são os argumentos usados pela OMS e para Unicef, que, desde 1991, têm investido em acções de sensibilização e formação das mães. Segundo estas entidades, o aleitamento materno deve ser defendido em exclusividade até aos seis meses de vida do bebé. Mas, após esta data, com a introdução de outros alimentos no cardápio, a mulher pode continuar a amamentar, até aos dois anos de idade.







Embora não se saiba ao certo o número de mães que amamentam os seus bebés até aos seis meses de idade, em Portugal, Israel Macedo teme que um estudo sobre aleitamento materno, que está em curso, revele um panorama "pouco animador". E, em parte, o abandono da amamentação deve-se à actual conjuntura laboral, já que "os vínculos de emprego são, actualmente mais precários".









"Algumas mulheres deixam de amamentar para não prolongarem o período em que estão de licença de maternidade. Se estão a recibos verdes acabam por não activar todos os direitos de amamentação, até aos 18 meses, conforme prevê a lei. E isso acontece porque só ganham enquanto trabalham."













Amamentar até quando?









A OMS e a Unicef defendem o aleitamento materno em exclusividade até aos seis meses de idade. Mas, segundo Israel Macedo, nada impede que a amamentação ocorra até mais tarde "Depois do meio ano de vida, o leite materno necessita de ser complementado com outros alimentos, até porque esta é a fase em que se começa a introduzir novos paladares na ementa do bebé", fundamenta o pediatra.









"A amamentação pode ser mantida até aos dois anos de idade", aponta. Depois dos seis meses, vão sendo introduzidos, progressivamente, novos alimentos semi-sólidos, semana a semana. "Deste modo, a criança vai-se habituando a um novo sistema de comer. Em vez de sugar, o bebé passa também a deglutir a comida."







É nesta altura que se começam a introduzir carnes, "o mais biológicas possível", o ovo e as hortaliças". Para o especialista, quando se inserem novos alimentos, há que estar atento a algumas reacções por parte do bebé, nomeadamente se determinado produto provoca obstipação. O pediatra diz que as crianças alimentadas com o leite materno são menos propensas a estas situações, comparativamente aos bebés que recebem leite artificial.









As mulheres que queiram continuar a amamentar depois dos seis meses (período em que vigora a licença de maternidade), podem continuar a apostar no aleitamento materno. "As mães podem retirar o leite, conservá-lo e administrá-lo mais tarde." No entanto, como afirma Israel Macedo, o leite da mãe vai sofrendo algumas alterações, a partir do momento em que se introduzem novos alimentos no cardápio do bebé. "O que inicia o processo de desmame e modifica a composição do leite é o facto de a criança começar a mamar menos."









Contudo, seguindo as directrizes da OMS e da Unicef, na fase de introdução de novos alimentos, o bebé deve manter pelo menos uma refeição diária com leite materno. Para Israel Macedo, sendo o leite materno o alimento mais completo, é o mais adequado às necessidades do recém-nascido, Há até estudo que sugerem que o aleitamento materno pode ter benefícios nos bebés prematuros, reduzindo a incidência de casos de enterocolite necrotisante: a principal causa de morbimortalidade em crianças que nascem antes do tempo.







Assim, defende o pediatra que, "raramente", se consideram situações em que a mãe seja impedida de amamentar. "A não ser que esteja a tomar doses elevadas de certos medicamentos, que adulterem a composição do leite", esclarece. Mesmo quando a mulher tem de se ausentar por algumas horas, pode optar por extrair e conservar o leite.











Mama mater promove o aleitamento materno







Muitas mulheres, após o nascimento do primeiro filho, sentem-se inseguras ao amamentar. Este é um dos motivos que conduz ao abandono do aleitamento materno. Mas, para contrariar esta tendência, a Mama Mater (http://www.mamamater.eu/) tenta "empoderar" as mulheres. E como? "Através dos Cantinhos da Amamentação, instalados em centros de saúde e hospitais, tentamos aumentar os níveis de confiança das mães", diz Adelaide Órfão, presidente da Associação, sedeada no centro de saúde da Parede, perto do Cascais.









"Estes espaços [existem mais de 100 locais espalhados por todo o país] tentam ajudar as mães a ultrapassar as dificuldades e os obstáculos que as podem impedir de amamentar. Com a ajuda de profissionais formados para o efeito, as mães obtêm todo o aconselhamento necessário." Apesar de não haver estatísticas relativamente ao aleitamento materno, a responsável indica que, "quando as mulheres se encontram preparadas e disponíveis, amamentam mais e com um elevado grau de satisfação pessoal".











Fonte: Jornal do Centro de Saúde