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domingo, 18 de abril de 2010

Diabetes & menopausa: Um duplo desafio

Um duplo desafio é o que enfrentam as mulheres diabéticas na idade da menopausa: é que o desequilíbrio hormonal interfere com os níveis de açúcar no sangue, aumentando o risco de complicações. A boa notícia é que é possível gerir esse risco.



A menopausa constitui uma etapa importante na vida de uma mulher, ditando o momento em que ela deixa de poder ter filhos. Não acontece, porém, de um dia para o outro, sendo antes um processo que se prolonga por alguns anos. E que começa algures entre os 40 e os 50 anos.


É um processo lento associado à diminuição de produção das hormonas relacionadas com a gravidez - a progesterona e oestrogénio. Os ovários vão deixando de libertar óvulos mensalmente, pelo que as irregularidades menstruais dão o primeiro sinal da menopausa, que se considera instalada ao fim de um ano sem período.


Há mulheres que vivem esta transição sem grandes incómodos, mas para muitas outras é uma fase difícil, com a instabilidade hormonal a produzir efeitos em todo o organismo, incluindo a nível psicológico e emocional. E, para as mulheres com diabetes, pode ser particularmente complicado.


Tudo porque as hormonas femininas interferem com uma outra hormona - ainsulina, envolvida na regulação dos níveis de açúcar no sangue (glicemia). O estrogénio e a progesterona afectam o modo como as células respondem à insulina, com as flutuações hormonais da menopausa a poderem causar quer um aumento da glicemia quer uma diminuição.


E são mudanças pouco previsíveis: é que quando baixa a quantidade de progesterona pode aumentar a sensibilidade à insulina e quando diminui o nível de estrogénios pode subir a resistência à insulina. Significa isto que pode haver um descontrolo, aumentando o risco de a mulher desenvolver complicações associadas à diabetes, de que a doença cardiovascular é uma das principais.


Com a menopausa é frequente haver um ganho de peso, o que pode influenciar a necessidade de insulina.


Abre-se, mais uma vez, a porta a um descontrolo do açúcar no sangue se não houver alteração da medicação e, naturalmente, uma adequada gestão dos quilos a mais.


Outra associação entre a menopausa e a diabetes provém do risco acrescido de infecções. Numa mulher diabética, níveis elevados de açúcar no sangue podem contribuir para o desenvolvimento de infecções urinárias e vaginais, probabilidade que aumenta na menopausa pois a descida de estrogénios diminui as defesas contra bactérias e fungos, facilitando o acesso aos aparelhosgenital e urinário.


Sensível à menopausa é igualmente o sono: os suores nocturnos e os afrontamentos dificultam com frequência uma noite bem dormida.


Ora a falta de sono dá origem a flutuações na glicemia, potenciando novamente um desequilíbrio que é necessário controlar.


Está nas suas mãos controlar o risco!


São problemas com que lida uma boa percentagem das mulheres diabéticas.
A prevalência da diabetes em mulheres na menopausa oscila entre os 4 e os 7 por cento, o que, no nosso país, significa que 100 mil a 140 mil dos cerca de dois milhões de mulheres em menopausa são também diabéticas.


São muitas e boas razões para controlar o risco associado a estas duas condições. Trata-se de um duplo desafio, mas é possível vencê-lo.


Desde logo, fazendo escolhas saudáveis: uma alimentação equilibrada e exercício físico regular. No que respeita à alimentação, os doentes com diabetes já seguem um plano com algumas restrições, ao nível do açúcar mas também das gorduras. O mesmo plano é útil no controlo dos sintomas da menopausa.


Quanto ao exercício físico, tem benefícios a muitos níveis: ajuda ao controlo do peso ao promover o gasto de energia (logo a queima de gordura); aumenta acirculação, fortalece o sistema circulatório, contribui para baixar a pressãoarterial e para manter os níveis de colesterol dentro do normal; fortalece os ossos, prevenindo a osteoporose. Além disso, ajuda a libertar o stress e melhora o humor.


Neste plano de gestão da diabetes e menopausa, é ainda fundamental manter os valores de glicemia dentro dos parâmetros considerados normais para cada mulher. O que passa, em primeiro lugar, por conhecer esses valores: há, pois, que medir a glicemia com mais regularidade quando se está na menopausa, mantendo um diário dos valores registados para a eventualidade de ser necessário ajustar a terapêutica.


E quando os sintomas próprios da menopausa causam demasiado desconforto a abordagem pode envolver a chamada terapia de substituição hormonal. Trata-se de uma terapia que envolve a toma de hormonas sintéticas, de modo a atenuar as consequências de uma menor produção de estrogénio e progesterona. É uma opção que ainda gera polémica, que cada mulher deve discutir com o seu médico.


O que é certo é que gerir a diabetes na idade da menopausa coloca alguns problemas acrescidos às mulheres, sendo que é possível superálos com um compromisso com um estilo de vida saudável.


Fonte: Farmácia Saúde - ANF