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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

QUEM FOAM OS NOSSOS ANTEPASSADOS?


Basta um pouco de saliva para ficar a saber quais as nossas origens, por via materna e paterna, quem foram e onde viveram os nossos antepassados.


De acordo com os estudos mais recentes, o Homem moderno teve origem em África, há aproximadamente 200 mil anos. A partir desta região, as primeiras populações humanas começaram a migrar, acabando por colonizar todo o planeta.


Este fenómeno migratório conhecido como "Out-of-Africa" muito provavelmente seguiu uma única rota costeira, via Península Arábica e em direcção às regiões a sudeste do continente asiático (há 70-60 mil anos), ao que se seguiram migrações para a Ásia Central, Américas e Austrália (há 50-30 mil anos). A colonização da Europa, há cerca de 45 mil anos, teve origem em movimentos populacionais pelo interior da Ásia ocidental via Cáucaso.

À medida que as populações humanas se expandiam e distribuíam por diversas regiões geográficas, foram ocorrendo pequenas variações no seu genoma. Estas variações foram transmitidas de geração em geração e permitem-nos hoje, através de um teste de ADN (ácido desoxiribonucleico), traçar as rotas migratórias dos nossos antepassados. Os estudos de ancestralidade genética baseiam-se na análise de dois tipos distintos de ADN, o ADN mitocondrial e o cromossoma Y.

A análise do ADN mitocondrial permite estabelecer a linhagem genética por via materna, transmitida exclusivamente por via feminina (quer dizer, apenas da mãe para as filhas e filhos). Por outro lado, o cromossoma Y existe exclusivamente nos homens e é transmitido intacto de pai para filhos do sexo masculino.


Eva, a nossa antepassada comum

As populações dos nossos dias englobam vários grupos genéticos distintos, para os quais se admite a existência de uma mulher ancestral comum - a chamada Eva mitocondrial, que viveu há cerca de 200 mil anos na região da actual Etiópia. Ao longo do tempo foram surgindo, esporadicamente, mutações no ADN mitocondrial, que passaram a ser transmitidas de geração em geração.

À medida que a população humana ancestral se expandia, pequenos grupos populacionais migravam e colonizavam novos territórios, tendo permanecido isolados. Foram assim acumulando diferenças genéticas em relação à população originária.

Cada grupo genético é caracterizado por um determinado perfil de mutações no seu ADN mitocondrial. São hoje conhecidos mais de 30 grupos de ADN mitocondrial, designados por letras do alfabeto de A a Z, sendo que cada grupo pode incluir vários subgrupos.

Por exemplo, vários membros de famílias reais europeias pertencem ao haplogrupo de ADN mitocondrial H. A análise do material genético da Rainha Marie Antoinette (mulher de Louis XVI de França), filha da Imperatriz Austríaca Maria Theresa, revelou ser do grupo H. Assim, com base nas árvores genealógicas, devem também ser do grupo H os seus familiares por via matrilínea, Pedro II do Brasil, Filipe III Duque de Burgundy, Leopold II da Bélgica, e Victor Emmanuel II de Itália.

É também do grupo H o ADN da mulher de Nicholas Romanov (o último Imperador da Rússia), Alexandra Fyodorovna. Consequentemente, serão do grupo H os seus familiares por via matrilínea, entre os quais se destacam a Rainha Victória (avó de Alexandra), Leopold I da Bélgica, Louis XV de França, e a Rainha Sophia de Espanha.

Os primeiros povos com um perfil mitocondrial do grupo H chegaram provavelmente à Europa há 28-23 mil anos e espalharam-se rapidamente pelo continente. Eram povos nómadas que fabricavam instrumentos de pedra, destinados à caça de animais de grande porte (bisontes, cavalos, renas e mamutes). Por alturas da última glaciação (há 20-12 mil anos), estes povos refugiaram-se no sul da Europa, nomeadamente na Península Ibérica, onde o clima era menos rigoroso.

Findo o período glaciar, há 13-10 mil anos, à medida que as condições climatéricas melhoravam, as populações acantonadas nos refúgios foram-se espalhando e acabaram por recolonizar toda a Europa. Eram povos caçadores-colectores que viviam em cavernas e tendas por si construídas e foram os autores das manifestações artísticas encontradas em Lascaux (França), Altamira (Espanha) e Foz Côa (Portugal).

Enquanto a análise do ADN mitocondrial revela a ancestralidade por via matrilínea, o estudo do cromossoma Y desvenda o passado por via patrilínea. Tal como o ADN mitocondrial, os diferentes perfis de ADN do cromossoma Y são classificados seguindo uma nomenclatura que os designa pelas letras do alfabeto de A a T.

Sabemos, por exemplo, que os homens que pertencem ao grupo J2 são provavelmente descendentes de Fenícios, o povo que dominou o comércio no Mediterrâneo há cerca de dois a três mil anos. Actualmente, o grupo J2 é muito frequente na população de Judeus Ashkenazi, pelo que se um homem português pertencer a este grupo é provável que os seus antepassados sejam de origem judaica.

Outros grupos genéticos são característicos de outras regiões do mundo. Por exemplo, R2 encontra-se predominantemente na Índia. Assim, quando um homem em Portugal pertence a este grupo é porque, muito provavelmente, é descendente, por via paterna, de povos indianos.

Ao estudar a sua ancestralidade genética, cada um de nós vai descobrir povos com diferentes culturas, religiões e até raças. Divulgar este conhecimento e torná-lo acessível é uma forma de combater certas concepções da "Natureza Humana" que fundamentam a sua descriminação.

Para descobrir a sua ancestralidade genética basta ir a www.dnaroottester.com e encomendar o seu teste online.

Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF